Dez remédios contra fibrose cística estão em falta no Rio

Os pacientes que dependem da rede estadual de saúde para tratar fibrose cística sofrem sem medicamentos gratuitos. De 16 remédios considerados importantes, dez estão em falta. Um deles, o Colestimetato de Sódio 1.000.000 UI (em pó, para inalação) não é entregue pelo governo do Rio há um ano e cinco meses.
A fibrose cística é uma doença genética que afeta, principalmente, os sistemas respiratório e digestivo. No ano passado, 12 pacientes morreram - metade era formada por criança - por causa da doença no Rio, segundo a Associação Carioca de Assistência à Mucoviscidose (ACAM-RJ).
- É triste ver crianças e jovens morrendo por uma doença tratável. Nos países desenvolvidos a maioria dos pacientes chega à vida adulta. Aqui, por conta da precariedade no diagnóstico e no tratamento, ainda temos um prognóstico que equivale a metade do observado na Europa e nos Estados Unidos. É inaceitável - reclama Cristiano Silveira, presidente da ACAM-RJ.
A associação passou ao Blog Emergência uma lista com 16 medicamentos que estariam em falta. Mas, segundo a Secretaria Estadual de Saúde do Rio, responsável por fornecer os remédios gratuitamente, seis estão disponíveis.
Sem remédio desde 2013
Entre os que estão em falta, chama atenção o caso do Colestimetato de Sódio 1.000.000 UI (em pó, para inalação), que não é entregue aos pacientes desde outubro de 2013. A SES afirma que o medicamento está sendo importado e que, neste período, tem oferecido o Tobramicina, um outro antibiótico utilizado no tratamento.
Há dez meses, os pacientes não recebem o Cloreto de Sódio 0,9%. Nas prateleiras da Secretaria de Saúde, só há o remédio na formulação 20%.
Os pacientes não recebem o Sulfato de Salbutamol (100 mcg - aerosol) desde junho do ano passado, o Suplemento CarboCH (lata) desde agosto de 2014, o Furoato de Mometasona desde setembro de 2014, o Omeprazol (20 mg) desde outubro de 2014, o Energyzip Baunilha (200 ml) desde novembro de 2014, e o Azitromicina (500 mg), o Ciprofloxacino (500 mg) e o Fluticasona de (250 mg) + Salmeterol (50 mcg)desde dezembro passado.
Segundo a SES, o Azitromicina (500 mg) estará disponível em 60 dias e a entrega doCiprofloxacino (500 mg) depende do fornecedor. Os demais remédios estão "em processo de aquisição".
Na prateleira tem...
Dos seis que o governo diz ter, três estão no estoque: o Brometo de Ipratrópio (0,25 mg), que começa a ser distribuído hoje, o Sulfametoxazol (400 mg) + Trimetoprima (80 mg) e a Insulina NPH.
Os outros três são oferecidos em sabores diferentes dos listados pela associação: oEnergyzip (200 mL), o Nutridrink (em lata) e o Suplemento Sust'up (em lata).
A Secretaria Estadual de Saúde do Rio não explicou o motivo de os medicamentos terem ficado tanto tempo em falta.